Editorial: A luta continua!
OUTRA VEZ, NAS RUAS, A CLASSE TRABALHADORA FAZ OUVIR SUA OPOSIÇÃO RADICAL ÀS REFORMAS DA PREVIDÊNCIA E TRABALHISTA.

1. O dia 28 de abril de 2017 será lembrado como um dos mais importantes na história recente do país, quando a classe trabalhadora retomou o protagonismo no cenário político e se manifestaram, de forma unitária, contra as contrarreformas encaminhadas pelo governo ilegítimo de Temer no campo previdenciário e trabalhista.
2. Chamada como um dia de greve geral, ela parou, total ou parcialmente, transportes, instituições de ensino e a atividade econômica em diversas capitais e cidades, sendo incontáveis as manifestações e os bloqueios de ruas, de avenidas e dos principais acessos das cidades realizadas durante todo o dia, a começar pelas iniciativas de apoio aos motoristas de ônibus e metrô ocorridas na madrugada do dia 28.
3. O apoio à greve foi extraordinário, para além do que se poderia prever inicialmente. Depois de definido o dia da greve pelas sete centrais sindicais, em 27 de março, a cada dia eram anunciadas adesões de sindicatos, associações, professores, estudantes, entre outros segmentos da população, o que se tornou uma avalanche na semana que antecedeu a greve. As manifestações de apoio vieram dos mais diversos setores, com destaque para bispos e arcebispos da igreja católica e para os metodistas. Embora a imprensa falada e televisiva praticamente tenha desconsiderado o movimento em sua fase de construção, nos dias que antecederam a greve, era sobre ela que se falava nos mais diversos locais públicos, como em ônibus, metrôs e trens, bem como nas padarias, bancas de revistas e pequenos comércios. Em algumas cidades, o comentário era de que nunca foi tão fácil falar de greve.
4. Ao final, foi a maior paralisação já realizada no país, envolvendo, cerca de 40 milhões de pessoas em 26 estados. Entre as dezenas de categorias que aderiram à greve, destacam-se as ligadas ao transporte, ao ensino nos três níveis (público e privado) e aos bancos (22 estados). As essas se somaram servidores públicos, metalúrgicos (7 estados), comerciários (seis estados), eletricitários, químicos, petroleiros e trabalhadoras/es do saneamento básico e dos Correios.
5. Para o sucesso da greve, pelo menos dois aspectos precisam ser destacados. Em primeiro lugar, é necessário se dizer que o governo ilegítimo perdeu a batalha de comunicação com relação à proposta de reforma da Previdência, apesar do apoio da grande mídia. Além de que esse é um assunto que interessa a todos, não tendo como alguém não acompanhar o que está sendo proposto, é muito difícil para o governo convencer sobre a necessidade de se trabalhar mais (e ainda ganhar menos do que os aposentados de hoje), quando o próprio Temer e grande parte dos parlamentares são mencionados em falcatruas investigadas pelo Lava Jato.
6. O segundo aspecto relevante foi o fato de o movimento sindical e social se apresentar de forma unificada, com a convocatória sendo assinada por todas as centrais sindicais e apoiada pela Frente Povo Sem Medo e pela Frente Brasil Popular, a que se somaram os mais diferentes coletivos, partidos de esquerda e também movimentos regionais, tais como a Frente e/ou o Bloco de Esquerda Socialista. Nesse caso, mais do que a simples somatória das forças envolvidas, a unidade alcançada teve como consequência animar a que a participação fosse ainda mais maciça. Em momento como esse, de avanço da retirada de direitos sociais e trabalhistas, nunca foi mais necessário que os sindicatos, os movimentos e os partidos vinculados à luta da classe trabalhadora, se apresentassem como um único corpo político e social. Manter e aprofundar a unidade alcançada são tarefas de todos nós, pois essa é condição necessária para fazer barrar as contrarreformas.
7. É a partir dessa unidade que formas de continuidade da luta irão surgir. O dia 28 de abril foi apenas o início da retomada consciente da luta no caminho da derrocada das propostas de reforma nas áreas trabalhistas e previdenciária. E não serão os discursos de negação da importância do movimento (feitos pelos governantes usurpadores ou pela grande mídia, mas desmentidos por parte da imprensa internacional) e nem a repressão desenfreada como a observada em alguns locais, com destaque para o ocorrido na cidade do Rio de Janeiro, que farão o movimento não avançar.
8. Dizer que a luta continua, nesse caso, não é uma mera expressão, é uma necessidade imperiosa.
A Comuna, 01 de maio de 2017