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Uma ousadia atemporal


Camaradas! Atenta se volte a terra inteira. Para viver livre dos nichos das casas. Para que doravante a família seja o pai, pelo menos o Universo, a mãe, pelo menos a Terra. Vladimir Maiakovski (1893-1930)

Quando no último quartel do século XX ruíram o muro de Berlim e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) os abutres capitalistas e seus arautos, não tardaram em brandir triunfantes que o Fim da História então chegara. Assim, o caminho da humanidade seria uma via de mão única. Não haveria alternativas à sociedade de consumo. Este seria o único mundo possível, o único mundo desejável. As diversas experiências emancipatórias levadas a cabo pelas classes exploradas também foram alvo de tentativas de esvaziamento de sentido e relevância histórica. Seus exemplos e memórias deveriam ser banidas de corações e mentes que pudessem sonhar “mais um sonho impossível”.

O fim da experiência soviética não significou o fim dos elementos que nutrem e perpetuam a opressão e a exploração capitalistas. Tentativas ideológicas de negação da possibilidade de uma outra perspectiva de sociabilidade pós- capitalista não apagaram a história e nem encobriram a realidade objetiva da exploração e da luta de classes que permanecem vivas e em processo intenso de expansão.

“No curso do dia de ontem, o Comitê Militar Revolucionário ocupou todas as estações de estradas de ferro, postos importantes, estações elétricas e telefônicas; efetuou a detenção de alguns ministros e fechou os sovietes das repúblicas. O governo provisório foi declarado deposto. (...) De tarde, no Soviete de Deputados Operários e Soldados apresentaram-se Lenin e Zinoviev, que proclamaram o começo da revolução socialista”. Dessa forma, a cem anos em 25 de Outubro ou 7 de novembro, pelo calendário juliano, o jornal Novaia Jizn anunciava o triunfo da maior revolução social do século XX. Revolução que abriu uma nova etapa na história da humanidade na perspectiva da emancipação das classes trabalhadoras. Seus efeitos se fizeram sentir não somente em solo russo, mas em todo a Europa e no mundo capitalista em geral. Transformar o mundo, em todos os níveis, e o homem em todas as suas dimensões, estes eram, em síntese, os objetivos do “grande assalto ao céu”.


Aquela grande ousadia, levada a cabo por homens e mulheres em íntimo e profundo conluio com o desejo de liberdade e emancipação, jogou por terra a pantomima de que a classe trabalhadora jamais poderia derrubar a sociedade capitalista e sobre seus escombros construir um mundo novo livre da opressão e da exploração capitalista. Apesar da burocratização e degenerescência em que culminou aquela experiência suas conquistas são irrefutáveis. De uma sociedade economicamente atrasada, em relação ao restante da Europa e da América do Norte, a Rússia foi transformada em uma imensa potência econômica e industrial em apenas duas décadas; erradicou o analfabetismo de milhões de pessoas; multiplicou o número de equipamentos culturais, etc. Seu triunfo impulsionou conquistas políticas e econômicas à classe trabalhadora em todo o mundo. Seu exemplo, como possibilidade de construção de um sociedade pós capitalista, tem animado gerações a permanecerem na luta cotidiana contra toda forma de opressão, injustiça e exploração capitalista e buscando a ruptura dessa ordem e a construção de um outro mundo possível.


Ciente de que se a revolução é possível ela também não é inevitável. Ela será fruto de muito trabalho e militância, coragem e ousadia para combatermos o capitalismo em todas as frentes.


O futuro não virá por si só, se não tomarmos medidas (...) A Comuna não é uma princesa fantástica com quem de noite se sonha (...) O Comunismo nãoreside apenas na terra, no suor das usinas. Senão também no lar, à mesa, nasrelações de família, nos costumes. (...) O ataque à família, ao lar, não é paranós ameaça menor. (...) Qual uma peliça o tempo é também roído por vermescotidianos. As vestes poeirentas de nossos dias cabe a ti Kossomol, sacudi-las!(Vladimir Maiakovski)

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