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#EleNão #EleNunca #EleJamais: Mulheres Brasileiras contra o Fascismo


Foto: Nacho Doce

“Crises” já não são exclusividade dos países do sul, tampouco a convergência delas. De 2007 para cá, experimentamos a sua faceta econômica articulada com a ambiental e a política. A sua mundialização já não pode ser ignorada. Assim como não pode ser ignorado o levantamento das mulheres contra os ataques aos seus direitos que acompanham as políticas de “austeridade”, o autoritarismo de chefes de estados e a violência patriarcal. A política, além de um “grande negócio”, tudo o que menos tem representado são os interesses comuns da maioria, a começar pelos das mulheres.

No campo da representação política, o presidente republicano Donald Trump (EUA) é a expressão do avanço do conservadorismo e de todas as formas de ódio contra a humanidade. No Brasil, guardadas as devidas proporções e caracterizações, a candidatura de Jair Bolsonaro (Partido Social Liberal) a presidência da república é a “versão brasileira” do político racista, machista e homofóbico. Trump chegou a alcançar 53% de rejeição entre o eleitorado, às vésperas das eleições estadunidenses. Bolsonaro, possui 46% a 1 semana das eleições brasileiras. O fato é que, diferente de Trump, Bolsonaro terá mais dificuldades para se eleger, pois em nosso sistema eleitoral “leva quem faz mais votos”. O candidato da ultradireita brasileira terá de enfrentar, sobretudo, a fúria das mulheres brasileiras que se organizaram amplamente nas redes sociais. No último dia 29 (sábado), o movimento #mulherescontrabolsonaro ou o movimento #EleNão, reuniu aproximadamente 2 milhões de pessoas nas ruas das principais cidades brasileiras e do interior do país e nas mais de 30 manifestações convocadas, em 4 continentes, para dizer #EleNão, #EleNunca, #EleJamais.

Se as manifestações públicas de ódio desse candidato e o antipetismo ganha alguns apoiadores, por outro lado, acaba conquistando um número significativo de rejeição ao vazio político que seu discurso de ódio dispara contra a maioria dos brasileiros (mulheres, negros/as, LGTTIQ, pobres). Mesmo com as jornadas de junho de 2013- uma expressão da crise de representação política brasileira, que teve com forte protagonismo da juventude e das mulheres, com o golpe que culminou o impedimento da presidenta Dilma Rousseff (Partido dos Trabalhadores), não havíamos vivenciado manifestações massivas em defesa da democracia.

As mulheres brasileiras deram uma demonstração de solidariedade e compreensão política antenadas com as exigências da atual conjuntura. E, foram linha de frente para que mais e mais grupos pudessem se somar ao chamado: #EleNão. O formato e as metodologias de organização dos atos que aconteceram no sábado passado, demonstraram o poder da horizontalidade e da envolvente condução, sem “dirigismos” e instrumentalização da luta em comum, da unidade das mulheres contra o fascismo. A diversidade de trajetórias e posições de movimentos sociais, de partidos políticos e das candidaturas presidenciais eram visíveis nos atos: lá estavam suas cores e as suas bandeiras. Em plena campanha eleitoral, as mulheres conseguiram juntar milhões de brasileiros sem transformar a sua luta contra as opressões, em um grande comício eleitoral. A nossa linha unitária era a de rechaçar a Bolsonaro e a tudo o que ele representa.

Os apoiadores de Bolsonaro, tentaram mobilizar atos em seu apoio para o dia seguinte ao convocado pelas “mulheres contra Bolsonaro”. O resultado foi a de um retumbante fracasso, seguido de mais declarações machistas, homofóbicas e classistas por parte de um de seus principais cabos eleitorais, o filho Eduardo Bolsonaro: “As mulheres de direita são muito mais bonitas do que as de esquerda. Não mostram o peito na rua e não defecam para protestar”, afirmou. “Ou seja, as mulheres de direita são muito mais higiênicas que as da esquerda.”- declarações que contrastam ao: “somos mulheres, a resistência contra um Brasil sem fascismo e sem horror”, entoado com muita força por todas nós no dia anterior.

Há algumas lições para tomarmos a partir desse último sábado: as mulheres devolveram a capacidade de sonhar e esperançar ao Brasil. A resignação e o voto no ódio vão ter de enfrentar uma campanha das “Mulheres Unidas contra Bolsonaro” nessa reta final das eleições brasileiras: toda indecisão, voto branco ou nulo, vai ser desafiada a escolher qualquer candidatura que não seja a de Bolsonaro. Todos nossos esforços estão concentrados a confirmar as tendências das pesquisas eleitorais: Bolsonaro perde para qualquer candidato no segundo turno! No próximo domingo, 7 de outubro, brasileiras e brasileiros deverão votar para eleger o próximo presidente da República. Uma outra convocação nacional anunciará novas mobilizações em todo país, junto a todas as expressões de solidariedade internacional com o povo brasileiro. Ela será difundida, chamando o povo brasileiro a derrotar Bolsonaro no segundo turno, afastando a ameaça à vida das mulheres, dos povos indígenas, das pessoas LGBT’s, das negras e negros, dos Sem Teto, dos Sem Terra, dos desempregados, dos jovens, das trabalhadoras e dos trabalhadores. Se depender das mulheres nas urnas: #EleNão #EleNunca #EleJamais. Mulheres contra Bolsonaro, também no 2º turno.

 

Cheron Moretti é membro da Coordenação Nacional da Comuna (corrente interna do PSOL), membro do Comitê Internacional da IV Internacional e Militante da Marcha Mundial de Mulheres (MMM/Brasil)

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