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LGBTFOBIA NÃO É BOM SENSO. LGBTFOBIA MATA!


Foram assassinadas 8.027 pessoas LGBTs, no Brasil, entre 1963 e 2018, em razão de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Quatrocentas e vinte somente no ano de 2018.


Todos os dias alguma pessoa lgbt é espancada, morta a pauladas, das formas mais cruéis, ou comete suicídio. Mortes provocadas por serem quem são.


Diante disso, o que tem preocupado e mobilizado diversas representações religiosas é sua liberdade para continuar pregando como pecado a existência das sexualidades e identidades diversas da heterocisnormativa.


Foi o caso lamentável de nota divulgada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), regional do Ceará, em que trata a criminalização da lgbtfobia como sendo a criminalização do bom senso.


Numa completa inversão de valores, o perigo não estaria nas graves consequências do proselitismo religioso que condena as pessoas lgbts como pecadoras, mas numa lei que nos protege do estigma, do preconceito e outras formas de violência.


Falam de uma sociedade saudável, justa e verdadeiramente livre. Mas não para todos e todas. Como também não era para os negros e índios na época da colonização.


Falam de um Reino de Deus, a serviço da Justiça e da Paz, mas que nem é paz, nem justiça para todos.


Não faltou apenas bom senso à CNBB. Falta fraternidade, cristianismo, solidariedade e empatia. Só não faltou o preconceito apegado a dogmas cegos.


Os mesmos dogmas que levaram tanta gente à fogueira da Inquisição, além de tantas outras atrocidades cometidas pela Igreja que parece não ter aprendido nada com seus verdadeiros pecados.


Levou 500 anos para a hierarquia da Igreja Católica pedir perdão por toda violência cometida contra os povos indígenas e a população afrodescendente no Brasil.


Ocorre que não poderemos esperar outros 500 anos de cadáveres, sofrimento e dor até que algumas religiões e setores conservadores rompam com seus tabus.


Por isso, a importância de um Estado laico. Nossa luta é desde o direito básico de existir, de ter a identidade reconhecida, passando pelos demais direitos: saúde, educação, assistência, trabalho, moradia etc.


Cinquenta anos após Stonewall, estamos aqui para afirmar que não permitiremos nenhum sangue derramado em nome da fé ou qualquer outra forma de preconceito. Nenhum sofrimento causado em nome de dogmas ou outras formas de opressão. Basta.


Artigo de Ailton Lopes¹ publicado no mês de Junho no jornal O POVO. ¹ Linguista Crítico, presidente do PSOL-CE e militante da Comuna.

LINK ORIGINAL:

https://www.opovo.com.br/jornal/opiniao/2019/06/19/lgbtfobia-nao-e-bom-senso--lgbtfobia-mata.html

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