Por que apoiamos a pré-candidatura de Sâmia Bomfim e Alexya Salvador para a prefeitura de São Paulo?

Por que apoiamos a pré-candidatura de Sâmia Bomfim e Alexya Salvador para a prefeitura de São Paulo?
Comuna ⎼ SP
O PSOL da cidade de São Paulo decidirá através de prévias, nos dias 18 e 19 de julho, quem representará o partido nas eleições para a prefeitura. Os militantes, filiados e filiadas do PSOL deverão fazer uma escolha entre as três pré-candidaturas existentes: Carlos Giannazi/Sandra Ramalhoso, Guilherme Boulos/Luiza Erundina, e Sâmia Bomfim/Alexya Salvador. A Comuna apoia e constrói, junto a diversos militantes independentes, correntes internas e movimentos, a pré-candidatura de Sâmia Bomfim e Alexya Salvador. Como contribuição ao debate que servirá de base para esta importante decisão coletiva, expressamos aqui o que consideramos serem as principais razões para se apoiar esta pré-candidatura.
1) Radicalidade e independência política
Sâmia representa um programa que é construído coletivamente, e consegue ser hoje a expressão de um PSOL radical e independente. Essa radicalidade política não se confunde com posições estreitas e sectárias. Não se contrapõe à necessidade de unificar ao máximo possível, na mobilização e na luta em defesa de seus interesses imediatos e históricos, os trabalhadores e suas diversas organizações sociais e políticas.
Radicalidade política significa, na verdade, a seguinte compreensão fundamental: para enfrentar as questões que afetam a vida da maioria do povo brasileiro, é preciso ir à raiz dos problemas. E a raiz destes problemas é o capitalismo, essa forma de organização social bárbara que se sustenta na divisão essencial entre explorados e oprimidos de um lado, exploradores e opressores de outro. Se não atacarmos os interesses e privilégios dos “de cima”, não há possibilidade real de atender aos anseios, desejos e necessidades fundamentais dos “de baixo”. Esta é uma questão-chave.
Os tempos sombrios em que vivemos exigem uma esquerda radical, necessariamente socialista. É o que a realidade nos impõe. O PSOL precisa estar à altura dessa exigência. Para tanto, precisa ⎼ cada vez mais ⎼ ser um partido de combate, um partido da luta. Nas eleições travamos batalhas importantes, mas a guerra se decide fundamentalmente nas ruas, na mobilização e na luta auto-organizada dos explorados e oprimidos.
Para seguir sendo um instrumento útil para os explorados e oprimidos no Brasil, o PSOL deve preservar a sua independência política. Mesmo defendendo toda unidade possível em qualquer luta efetiva contra a extrema-direita ⎼ o que é uma tarefa central ⎼, o partido não pode abrir mão de seu projeto estratégico e de uma linha política própria. Isto passa por diferenciar-se com clareza da “esquerda da ordem”, já desgastada em parcelas significativas das camadas populares. Não cabe aqui qualquer concessão ao que a história já demonstrou ter sido uma tragédia: a estratégia de conciliação de classes levada a cabo por 13 anos de governos petistas. Manter o nosso balanço histórico a respeito dessas experiências, sem nos diluirmos em um “campo progressista” é outro ponto-chave. Golpear juntos, marchar separados!
2) A expressão de um PSOL orgânico, democrático e de base
Sâmia é a expressão legítima de uma construção orgânica e democrática do PSOL. Militante do partido há 10 anos, contribuiu na base para o seu desenvolvimento, nos movimentos em que esteve inserida. Ninguém duvida de seu vínculo e compromisso com o PSOL, com o projeto de uma esquerda radical e socialista.
Ter, como representante nas eleições para a prefeitura de São Paulo, uma figura com esse histórico e compromisso é fundamental para o PSOL. Fortalece o partido. Trata-se de uma liderança que já demonstrou ser plenamente capaz de expressar o nosso acúmulo programático (sempre coletivo) constituído ao longo de mais de 15 anos de existência. Defendemos Sâmia como uma candidata capaz de ouvir e expressar as posições do PSOL e de sua militância, organizada nas diversas tendências, setoriais e núcleos do partido. Essa postura e disposição democrática para com o conjunto do PSOL, a nosso ver, é um diferencial muito importante de sua candidatura.
Acreditamos ainda que essa é a candidatura que mais dialoga com o programa que nós da Comuna defendemos para o PSOL. Um programa ecossocialista, feminista, antirracista, antiLGBTfóbico, anticapitalista, combativo e independente.
3) Jovem, mulher, feminista e socialista
Sâmia Bomfim é uma mulher, jovem, feminista e socialista. Em um quadro histórico onde um dos principais elementos de politização tem sido o feminismo, cada vez mais difundido por mulheres jovens, isso não é qualquer coisa.
Não defendemos a representatividade pela representatividade. Esta só é verdadeiramente útil quando está associada à defesa de um projeto político de emancipação do conjunto dos explorados e oprimidos. Mas, quando inserida nestes marcos, a representatividade é efetivamente um diferencial, nos coloca à frente. É também por isso que defendemos o fortalecimento dos oprimidos e oprimidas no PSOL: mulheres, LGBTs, indígenas, negras e negros. Construir figuras públicas e de liderança que sejam uma expressão orgânica desses movimentos de combate às opressões é parte disso, é uma questão crucial para o futuro de um partido socialista ⎼ e isto não só no Brasil, mas a nível global.
Logo, a candidatura do PSOL à prefeitura de São Paulo, sendo encabeçada por uma mulher, pode ampliar significativamente a capacidade de diálogo do partido com toda uma camada de mulheres cada vez mais engajadas nas lutas feministas (e nas diversas lutas sociais). São mulheres que, consequentemente, estão cada vez mais abertas ao compromisso com um horizonte socialista. Afinal, se a libertação das mulheres não pode se dar dentro dos limites da sociedade capitalista, torna-se fundamental a perspectiva socialista: um socialismo renovado, ecológico, radical, feminista, antirracista e que promova a diversidade sexual e de gênero.
Para acrescentar um elemento novo e recente, temos hoje como pré-candidata à vice-prefeita pelo PSOL a companheira Alexya Salvador. Alexya é uma mulher, negra, mãe, atuante na causa da adoção, teóloga e primeira reverenda trans da América Latina,o que potencializa e muito a capacidade do PSOL de dialogar com bases sociais mais amplas, especialmente nas periferias, entre a negritude e setores sociais em que a religião ocupa um lugar importante em suas vidas. Uma excelente figura para disputar contra o conservadorismo promovido por algumas vertentes religiosas.
4) O sentido político geral da candidatura de Sâmia Bomfim
Nenhum dos pontos que levantamos acima deve ser olhado de maneira separada. Eles convergem entre si e formam um todo. A candidatura de Sâmia Bomfim e Alexya Salvador expressa essa totalidade: a radicalidade e a independência política, a defesa e o compromisso com um PSOL cada vez mais democrático e construído organicamente a partir de suas bases, a capacidade de projeção de massas e a representatividade substantiva ligada a um projeto político de emancipação.
De conjunto, estes aspectos fundamentais desenham no horizonte uma excelente perspectiva para o PSOL. Uma capacidade de ampliação e renovação, de enraizamento social e popular, entre os trabalhadores, a juventude, as mulheres, a negritude, a comunidade LGBT e nas periferias.
Nós acreditamos que esta deve ser a aposta do PSOL para estas eleições. Uma aposta na independência política, na radicalidade, na construção democrática e na força das massas de explorados e oprimidos para a transformação social.
Infelizmente, a votação nessas prévias excluirá muitos militantes e filiados do partido pelo seu formato exclusivamente presencial. Mas não nos resignaremos diante de imposições ditadas por cálculos burocráticos. Vamos às prévias, com Sâmia e Alexya para representar o PSOL nas eleições para a prefeitura de São Paulo!