NOTA DE REPÚDIO A UMA DECLARAÇÃO DE JULIANO MEDEIROS

A Comuna, corrente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), repudia a declaração do Presidente do Partido, Juliano Medeiros, divulgada nesta quarta-feira, 1. de junho, comemorando a desfiliação de mais de uma centena de militantes, incluindo fundadores do Partido.

A citação de uma frase que ele atribui a Lênin - "O Partido se fortalece depurando-se" -, nesse contexto, é vergonhosa e descabida. Não sabemos se Lênin disse esta frase (sabemos que Stálin disse). Mas, se Lênin escreveu esta frase, ou outra semelhante, o contexto foi completamente diferente. Pois se o partido bolchevique liderava, em 1920, a luta dos trabalhadores e do povo russo contra as tentativas de restauração do czarismo, o Presidente do PSOL coordena, por meio de uma sequência de manobras e desrespeitos à democracia interna, a adesão e a subordinação do PSOL a um projeto de conciliação de classes representado pela coligação em torno da chapa Lula-Alckmin, à qual o PSOL se integrou – erro agravado pela aprovação da federação do PSOL com a Rede, partido que não faz parte do campo de classe das trabalhadoras e dos trabalhadores.

Ainda, a citação tenta infundadamente atribuir à tradição leninista uma concepção de organização intolerante, monolítica e excludente, na contramão do pluralismo e da generosidade que constituem um dos maiores trunfos do Partido.

Lamentamos a desfiliação das e dos camaradas que assinam a "Carta de Ruptura com o PSOL", porque evidencia o descrédito do PSOL junto a um expressivo setor da esquerda brasileira e, sobretudo, porque reduz as possibilidades de defesa da independência do Partido, e de sua construção como partido socialista. A declaração de Juliano Medeiros não nos representa; nem representa o PSOL. Em um contexto de agravamento da crise e dos ataques aos direitos dos trabalhadores e do povo, é crucial a unidade daquelas e daqueles comprometidos com a luta anticapitalista e ecossocialista.